Mãe. Inquieta. Lésbica. Foda-se. ▶ #Herstorytelling

Luta que pariu

Relato do Parto do Théo

Foi no dia 4 de maio de 2013, às 0h23, que me dei conta de que eu estava sutilmente entrando em trabalho de parto. Às 41 semanas e 4 dias, já com 4cm de dilatação. Eu estava nervosa antes desse dia. Não queria chegar nas 42 semanas, mas também não queria induzir o processo de maneira alguma. Queria o Théo nos meus braços exatamente no tempo em que ele estivesse preparado para fazer a travessia. Tomava chá de canela, comia comida apimentada, tomava longos banhos demorados e quentes, mas pajelança nenhuma resolveu minha ansiedade. 0h23, portanto, para a minha felicidade, acordei a minha mãe e perguntei se ela estava pronta para ser avó. Ficamos animadas. Ela deu um grau na casa (que estava bem zoneada) e eu liguei pra Gisele, minha doula. A Gi falou pra eu tentar dar uma dormida, mas eu já vinha trocando o dia pela noite, o sono desregulado somado à ansiedade de estar prestes a conhecer o rosto do meu filho não me permitiram dormir. Direcionei minha tensão para o aplicativo de contar o tempo das contrações e assim me distraí enquanto fazia algo útil. Eram 2h da manhã quando a Gi chegou, as contrações estavam bem fora de ritmo. Minha mãe foi dormir. Ficamos acordadas jogando conversa fora, apagamos as luzes, criamos um clima gostoso e aconchegante com as velas que ela havia trazido. Colocamos um set de um amigo, já que eu acabei não organizando uma playlist por pura preguiça. Sentei na bola de pilates e me perguntei por que mesmo eu não tinha comprado um treco daquele durante a gravidez. Sentar na bola é muito reconfortante, pois ela não força o períneo. As contrações davam uma dorzinha bem suportável, parecida com uma cólica menstrual. Recebi uma massagem bem boa e então fui para o chuveiro com a bola e lá fiquei por uma hora, enquanto a Gi tirou um cochilo.

Alongamento

Assim que saí do banheiro, botei o roupão e fui comer alguma coisa. Tinha uma quantidade considerável de sangue na toalha que estava em cima da bola e embaixo de mim. Era o Théo ficando cada vez mais perto de chegar! Perguntei se poderia comer qualquer coisa, e a Gi disse que sim, qualquer coisa. Até amendoim japonês? Até amendoim japonês, mas só um pouquinho que é pra não passar mal depois. Amanheceu, o sol apareceu e minha mãe acordou. Comemos, trocamos mais ideias, até que começou a me bater um soninho gostoso. Será que eu conseguiria dormir? Fui para o quarto, deitei e tirei uma sonequinha de duas horas. Acordei bem disposta e mandei mensagem para a Pam, minha amiga que escreve poesia com as lentes de sua máquina fotográfica. Ela chegou com uma orquídea azul lindíssima e cheia de uma energia boa, já tirando fotos minhas na cama. Fomos pra sala, minha mãe preparava um almoço para todas nós. Comemos e conversamos por um longo tempo, até umas 17h. Fui pra bola, rebolei, pulei, me alonguei, recebi mais massagem da Gi. O sono bateu novamente. Minha mãe trouxe o travesseiro pra sala, fiquei sentada na bola, debruçada sobre a mesa, recebendo cafuné da minha mãe. Relaxei deliciosamente.

Cafuné-mãe

Me levantei para ir ao banheiro e no meio do caminho uma contração me fez dobrar os joelhos e paralisar. Enfim a fase ativa do trabalho de parto se aproximava. A Gi me aconselhou a vocalizar para aliviar a dor, mas eu ainda estava retraída pois moro em apartamento, fiquei imaginando o que os vizinhos iriam pensar. Boba, sei, assumo. Então eu vocalizava baixo, com a boca fechada, como se meditasse e dissesse OM. A dor foi se intensificando e eu fui me despedindo cada vez mais do mundo objetivo para entrar no meu mundinho particular. Sei que a Magê, outra doula, chegou em algum momento perto daqui, mas não me recordo muito bem em qual. A Gi me sugeriu o chuveiro e eu aceitei na hora. Eu andava devagar, passinhos curtos. No banheiro, comecei a tremer. Senti um frio intenso, como se estivesse com febre, era um misto de medo, confusão e dor. Nenhuma posição ajudava. Me deixaram sozinha no banheiro, com velas e luz apagada, para que eu pudesse tentar relaxar e me conectar com o Théo. Eu me sentia tensa. Queria alguém ali comigo, estava com medo de ficar sozinha, de parir sozinha, de ter um parto quiabo. E a vontade de fazer cocô? Isso me fazia lembrar dos relatos que eu havia lido: vontade de fazer cocô era um dos sinais do expulsivo. Será que eu já estava naquele estágio? Onde estava a Ana Cris com a piscininha? Quanto tempo mais aquilo ia durar? Decidi sair da bola e ir para o vaso pra ver se conseguia fazer cocô com o medo estúpido de ter meu filho no vaso sanitário. Queria saber exatamente como identificar o expulsivo, mas eu só tinha a informação do cocô. Nunca li ninguém detalhando as sensações desse momento, li sobre tudo, mas o expulsivo era uma incógnita pra mim. Mergulhei na confusão em que me encontrava. Pecebi que tentava racionalizar o que eu sentia e eu sabia que não era esse o caminho. Eu tava tentando achar um motivo para meus sentimentos, queria dar-lhes um nome para ver se dessa maneira os controlaria e estava quase me contentando com a explicação mais óbvia: que o meu medo era medo de parir no vaso. Mas definitivamente a questão era muito mais profunda do que aquilo e eu precisava me aprofundar na minha inconsciência, afrouxar os laços com a realidade objetiva, estreitar a conexão com minhas emoções. A dor ajuda a gente com isso. Não tenho dúvidas de que é essa a função da dor em um trabalho de parto: a entrega total ao corpo, que tudo sabe. A dor me fez esquecer a vergonha.Me entreguei ao blackout do meu lado racional, passei a vocalizar alto e longo a cada contração. Até que ele, meu corpo, compreendeu sem palavras que o que ele precisava ali, naquele momento, era da minha mãe. E eu obedeci ao pedido.

“Pega o banquinho e fica aqui comigo?

Coração apertado, apertado. Acho que esse “fica aqui comigo” estava entalado na minha garganta desde quando eu era pequena. Ela sentou, eu estendi a minha mão procurando pela dela, ela pegou a minha e nesse momento senti meu peito se abrindo, meu corpo se abrindo, minha alma se abrindo, e eu chorei. Minha mãe estava ali pra mim, finalmente. E finalmente eu era capaz de pedir presença, me mostrar vulnerável. Nós duas que já trocamos tantas farpas nessa vida. Nós duas estávamos enfim ali, entregues a nós mesmas, a um novo princípio que não sabíamos e ainda não sabemos onde vai dar. Choramos. Copiosamente. Um choro sentido, comportas de uma velha represa dando passagem para a água correr lavando e regenerando nossas almas. Era verdade então: parir faz a gente viajar pra onde nossas emoções mais ocultas se escondem, praquele escaninho da alma que preferimos fingir que não existe. Parir pode curar e eu ainda não sei bem exatamente quais das feridas recebeu o remédio, mas sei que o alívio foi imediato. O corpo, tendo o que pediu, se acalmou. O coração ficou leve. Eis que a Ana Cris aparece no banheiro. Eu sorri duplamente aliviada. Pelo nó desfeito no peito, pela chegada da parteira que anunciava a proximidade do momento mais esperado da minha vida.

A Gi então entrou no banheiro e me disse para sair do chuveiro, que eu precisava ficar em pé, dar uma andada pra ajudar o Théo a se posicionar e descer. Depois do banho eu me sentia fraca, minhas pernas não aguentavam mais, meu ventre parecia que ia explodir se eu me sustentasse com os pés. Mas a banheira precisava ser montada e não tinha como dividir a queda de água com o chuveirinho. Saí e fui pra sala. Não tinha posição. Quiseram colocar música, eu queria silêncio. A música me traria de volta para a realidade e eu queria ficar lá, do outro lado, na Partolândia. Quiseram me fazer massagem, o toque aumentava a dor. Era meu corpo me dizendo: agora o negócio é entre a gente e mais ninguém. Cada contração era um misto de entrega e medo, um vou-não-vou-já-fui-voltei. Quiseram me dar suco, me fazer comer torrada, eu estava enjoada, não queria nem a pau. Fiquei brava com a insistência. Sim, era pro meu bem, mas não descia e a oferta me desconcentrava. Eu entendia tudo o que me falavam, mas não conseguia responder. Eu havia me transformado nas minhas sensações, as emoções que me dominavam. Pensamento, mente, palavras, linearidade, lógica, tudo isso era um fardo que eu queria evitar. Pessoas falando me irritavam porque palavras me faziam pensar. E pessoas falando comigo me irritavam mais ainda, mas eu não conseguia me comunicar, pedir pra ficarem quietas. Eu parecia estar em outra dimensão. As pessoas interagiam comigo e tudo o que eu conseguia dizer era “não sei, não sei”.

Pré-expulsivo

Finalmente pude entrar na banheira. Tento puxar na memória as cenas desse momento, mas só consigo me recordar da sensação de alívio que tive ao sentar dentro da água. Gravidade menos grave, a água quente era como um abraço e fiquei imersa nele, quentinho, aconchegante. Sei que não dormi, mas minha consciência se apagou. Sei também que a dor tinha uma intensidade punk, e que eu vocalizava alto. Não sei quanto tempo fiquei na banheira, pareceu pouco, mas deve ter sido um bocado. A Gi me pediu pra sair, pra andar um pouco. Eu não consigo! Eu tô fraca, tô cansada. Mas vamos, você precisa ajudar o seu bebê a se posicionar, ficar na vertical, dar uma andada. Tá bom. E saí da banheira. Tremia de frio e de dor. Nenhuma posição era boa. Ficamos um tempo assim, aguardando fora da banheira, eu trocando de posição: em pé, sentada na bola, de quatro, sentada na bola de novo. Reclamei do cansaço e de sono. E então a Ana Cris, num ato de empatia que me deixou bastante reconfortada, me sugeriu deitar e tentar tirar um cochilo entre as contrações. Fomos pro quarto, deitei de lado, mas quem disse que eu conseguia sustentar meu corpo, relaxar? Era impossível descontrair meus músculos. A Ana Cris mediu minha dilatação: 7cm. Pedi pra ir pra banheira de novo, a equipe esquentou a água novamente e lá fui eu.

As contrações grudavam uma na outra, a dor não me deixava em paz. Deitei e encostei a cabeça na borda da banheira: se a dor não me deixava, tudo bem, eu estava ali pra ela, mas precisava descansar, relaxar nos intervalos entre as dores – isso quando esses intervalos existiam. Fiquei ali um bom tempo, sei lá quanto, mas não foi pouco. Ana Cris veio medir novamente a dilatação: de 8cm para 9cm, bebê alto, mas caso ele descesse nada impediria o expulsivo, tava tudo pronto, só faltava ele descer.E a vontade de fazer cocô voltou à cena, muito mais forte. É curioso: quando era realmente vontade de fazer cocô, eu tinha medo de parir, e quando chegou o momento de parir, eu fiquei com medo de fazer cocô! Minha mãe ficou ali na minha frente o tempo todo, olhando pra mim como quem dizia: vai filha, vai que eu passei por isso num hospital, eu consegui, você consegue. A equipe inteira em extremo silêncio. Eu cansada… com sono… monologando mentalmente: será que existe algum tipo de analgesia pra parto natural em casa? Mas eu não quero analgesia. É só uma fase, é a fase mais difícil, vai passar. Mas tá doeeeeendo. Tá doendo muuuito. Mal acaba uma contração, logo começa outra. Será que eu ia ter forças para cuidar do bebê depois do parto? Será que nós íamos gostar um do outro? Será que eu vou conseguir ser mãe? Será que eu tô pronta? Olha pra isso, pra essa piscina aqui na sala, pras escolhas que você fez, é claro que vai! Mas estou cansada. Estou fraca. Não aguento mais. E como se estivesse lendo a minha mente, a Gi perguntou: qual o seu medo, Natacha? Eu disse. Disse que estava fraca, que tinha medo de não conseguir cuidar do Théo depois do parto. E ela respondeu que isso era normal, que o que eu tava sentindo, toda aquela fraqueza, era pra que eu pudesse me entregar completamente ao meu corpo, à minha fisiologia, não lutar contra a dor, e que assim que o Théo estivesse nos meus braços meu ânimo mudaria e que podia ser que eu nem conseguisse dormir depois. Fiquei tão aliviada! Permaneci deitada ainda, contração após contração, até que num impulso me coloquei de joelhos.

Expulsivo

Alguns minutos depois, no meio de uma contração, meu corpo, sozinho, sem depender da minha vontade, empurrou. Antes de empurrar, senti uma onda de prazer. Prazer sexual mesmo, como se estivesse naquele momento mágico que antecede o orgasmo. E depois o puxo. E um urro que veio do fundo do útero. Olhei pra cima e vi a Ana Cris dando um soquinho no ar, e um YES que percebi por leitura labial. Meu deus, que medo, que delícia, que ansiedade, que força, que delicadeza, que animalidade, que humanidade, que sensação! As dores das contrações passaram, a única dor que restava era a dor do Théo descendo – e nem podia chamar aquilo de dor, era mais um medo do desconhecido mesmo. Antes de cada puxo, aquela onda de prazer percorrendo meu corpo. Então era mesmo possível e estava ao meu alcance o tal do Parto Orgásmico! Eu não acreditava que estava passando por aquela experiência. Não acredito até agora no êxtase que vivi a cada puxo durante o expulsivo. Eu nem sequer pensei nisso durante o trabalho de parto. É a primeira vez que toco no assunto. Mas eu não poderia deixar de falar sobre isso. Quero que toda mulher saiba que não é preciso treinamento nenhum para experimentar esse êxtase, ele está ao alcance de todas que estiverem relaxadas, respaldadas por uma equipe carinhosa, parindo num ambiente intimista, acolhedor e aconchegante, com a ansiedade na medida certa para o momento, uma ansiedade que vem de dentro pra fora, do coração para a realidade, e não de fora pra dentro, da equipe médica pro coração.

Sente o cabelinho dele! Coloquei o dedo e senti. Que emoção. Era ele, estava ali, chegando pra mim. Chegando pra vida. Chegando pra ele! Três centímetros pra fora, Natacha. Três centímetros? Não brinca! A impressão que eu tinha era que ele já tava com a cabeça quase toda pra fora. E ele não parava, menino agitado. Coisa esquisita sentir teu filho ali, fazendo a travessia do mundo aquático pro aéreo, socando e chutando a sua vagina. Ninguém me mandou fazer força quando eu não queria, fora de hora. Pra quê? Meu corpo trabalhava sozinho, a mim cabia sentir, consentir, urrar e aguardar. E saiu a cabecinha. Sente ele, Natacha! Mas eu estava sem forças, minhas pernas tremiam, minhas mãos estavam me apoiando, se eu as tirasse poderia me desequilibrar e não era um bom momento pra isso. Se o círculo de fogo doeu? Eu senti um círculo se abrindo mesmo, da ponta superior dos pequenos lábios até a ponta de baixo, esticando até o limite, mas a ardência foi bastante suportável. Depois das contrações grudadas umas nas outras qualquer dor seria suportável pra mim. E o momento de passar o ombro: parecia que ele estava sendo puxado pra fora por alguém, mas minha mãe disse que ele nasceu sozinho. Não dá pra acreditar na força que a gente tem na vagina. É muito poder! E o ombro passou, e o restante do corpinho que parecia não ter mais fim passou, e eu fiquei paralisada por alguns segundos até que me disseram: vira, pega seu filho!

Théo_colo

E foi assim que eu pari, 0h26, exatamente 24h e três minutos depois de começar a sentir as primeiras contrações. Virei e dei de cara com dois olhinhos piscantes bem abertos. Nunca, nunca vou me esquecer daqueles olhinhos piscantes me olhando, todo sério, todo “e agora, o que vem?”, a que eu respondia com o semblante da mesma maneira “e agora, o que vem?”. Um bebê gordo e vermelho, com dobrinhas na nuca. Nasceu com mecônio, pra constar, que é cocô de recém-nascido. Cocô na barriga definitivamente não é indicação pra cesárea. Peguei no colo. Meu deus, eu sou mãe, esse é meu filho, que amor é esse? Sentei na banheira e fiquei ali, segurando ele bem pertinho do peito, toda desajeitada, com medo de derrubá-lo, com medo de não segurar o pescoço dele direito, mas com a certeza de que eu iria aprender rapidinho a ser a mãe que o Théo merece ter. Saí da banheira com ele no colo e fui andando, amparada pela equipe, direto pra cama. Ainda estávamos ligados pelo cordão umbilical, que pulsava. Sentei na cama, ele pegou o peito pela primeira vez e a Gi me ensinou a pega. Então eu pari a placenta e ele fez mais me-cocô-nio em mim. Ficamos os dois carimbados. Quantas caretinhas lindas. Namoramos um tempão ali na cama, tiramos foto com toda a equipe, eu tomei um banho e nos despedimos. E os beijos de boa noite da turminha que me acompanhou selaram a minha nova vida, e a vida nova que a vida me deu.

Equipe

Da esquerda pra direita: eu e o Théo, minha mãe, Magê, Ana Cris, Gi e Pam.

Agora eu teria um pequeno companheiro deitado ao meu lado, noite após noite. Todo pequeno, todo lindo, todo com uma vida inteira pela frente. 53 centímetros e 3,900kg de pura gostosura, signo de Touro, ascendente em Aquário e Lua em Peixes. Um mapa astral exatíssimo (afinal, ele teve total liberdade de vir ao mundo quando ELE quis, na hora exata DELE) e a certeza de que nos daremos muito bem, já que eu sou aquariana de ascendente em Peixes e lua em Sagitário. Ele era o elemento terra que faltava para completar a minha vida, me trazer um chão, um norte. Pra me fazer buscar o que sou em essência a fim de poder ser uma uma pessoa mais inteira para mim e, por consequência, ser mais inteira pra ele. Pra que ele se sinta aprenda pelo exemplo a ser inteiro também. Inteiro, livre e respeitado, como todo ser humano tem o direito de ser.

Agradecimentos especiais: Primeiramente à Júlia Fernanda, minha irmã baiana, que me salvou da depressão durante a gravidez. À Lígia, do blog Cientista Que Virou Mãe, personagem importantíssima na minha construção de identidade de mãe consciente, que foi a minha porta de saída da matrix materna-obstétrica. Aliás, Lígia, obrigada pela linda homenagem que você fez a mim no seu blog. Quem diria que um dia eu seria personagem de um de seus posts. É muita honra! Gratidão a todas as mulheres que conheci no grupo Maternidade Consciente, que me apoiaram com as mais doces palavras e com quem troquei e troco confidências, de quem nunca ouvi a voz mas me sinto demais de íntima. Luciana Fernandes, um anjo em minha vida, que seria minha doula no Rio de Janeiro. Mãe, que me recebeu de volta em São Paulo de braços abertos e me doulou. Pai, que confiou em cada uma das minhas palavras e tomou pra si as minhas dores. Cada uma das quase 100 pessoas que colaboraram com a vakinha financeiramente ou na divulgação – esse parto vai ser sempre um pouco de vocês também! Bruno Magrini, que fez a arte da vakinha com a maior boa vontade e me ajudou muito. Aniely, que sentiu raiva comigo, xingou comigo e me compreendeu sem que eu precisasse dizer muita coisa. À Milla, que juntou um monte de roupinhas e formou quase que o guarda-roupa inteiro do Théo. À Paola e ao Bill, que se indignaram junto comigo quando eu expressei minha indignação. À Feminista Cansada, que ajudou a divulgar a minha história e a minha vakinha. À Elaine Santana, amiga feminista grávida virtual que fez toda a diferença na minha tentativa de ressignificar a minha depressão gravídica. À Gisele Leal, à Ana Cris, à  Magê, minha equipe, que foi maravilhosa. Mais do que eu esperava! E à Pam Facco, que registrou lindamente o momento mais importante da minha vida.

Como não poderia deixar de ser, fica também um agradecimento mais do que especial a todos que, em qualquer etapa da minha gravidez, duvidaram de mim, que quiseram me atrapalhar, que me desmotivaram, que me fizeram chorar, que não acreditaram nas minhas palavras, que me machucaram, que me viraram as costas, que se aproveitaram da minha fragilidade, que quase me fizeram acreditar que eu estava enlouquecendo. Ao longo da vida, vocês não foram os primeiros a me fazer querer provar pra mim mesma o quanto sou forte. Depois desse parto, não preciso mais de prova nenhuma.

Sou mãe. Sou leoa. Pari. Renasci. Venci. E isso é só apenas o começo.

EDIT: não sei por que motivo, não fui informada, mas a homenagem feita por mim pela Cientista que Virou Mãe não está mais lá no blog. Receio que isso seja mais uma das consequências da perseguição política que venho sofrendo por me posicionar sobre determinados assuntos a partir de um ponto de vista lésbico, ou seja, lesbofobia. É uma pena mas vida que segue. 😉

31 Respostas para “Luta que pariu”

  1. Pri Boyano

    Confesso q tô chorando aqui… Emocionante! Sem palavras!!
    Vcs dois são lindos demais! São pessoas assim q fazem a diferença no mundo… Tenho ctz q o Théo tb vai fazer!
    Parabéns Nat!!

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  2. Amanda

    Natacha, parabéns! Theo na poderia ter sigo recebido de uma forma melhor.
    Acabei de ler seu relato e estou chorando copiosamente, lembrando do parto da minha filha, no qual eu tive essa mesma sensação de poder. Se eu (e você) conseguimos parir, apesar de todas as dificuldades, podemos tudo.
    Muito leite pro Theo e muita força( ainda mais) pra você.

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  3. Gisele Leal

    Natacha minha querida! Que relato lindo, inspirador, aumentou ainda mais a minha vontade de parir logo esse bb4!! rsss
    Parabéns mais uma vez, e mais uma vez gratidão por ter me escolhido como sua Doula e por ter confiado em mim para participar deste momento tão especial. Vc me encheu de orgulho e felicidade. Cheiro no Theo gostoso e um beijo enorme pra vc.

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  4. Dani

    eu só estou sem palavras pra ti……num mar de lágrimas……bem vinda ao novo mundo” Mamãe Nat”……a mamãe do Théo…….cheio de amor e aprendizado!!!!!
    Lindaaaaa…bjaooooooo

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  5. Agatha

    Nem sei o que disser.

    Alias sei, é uma pena e uma merda muitos mulheres serem impossibilitadas de sentirem um terço do que essa mulher sentiu por culpa de um sistema ridiculo que existe hoje.
    E é uma pena e uma merda ainda maior algumas pessoas acharem que momentos como esse é um retrocesso!!

    Foi um dos relatos mais lindos que eu já li!

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  6. Jéssica Caroline

    Oi Natacha. Fiquei emocionada com seu texto, chorei, ri, fiquei com medo… Espero ter uma experiência tão linda como a sua, quando chegar a hora de colocar mais uma pessoinha nesse mundo. Seja muito feliz, moça, você e esse lindíssimo.

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  7. mateus

    como homem, que dificilmente consigo me aproximar desse universo feminino mais recôndito, cheio de significados e sentidos ocultos e maravilhosos, principalmente nesse processo de gestação e parto, foi muito bom poder aprender e sentir pelo menos uma fração disso tudo através da sua experiência, da sua abertura e sinceridade, num texto tão arrebatador.
    muito obrigado.
    que a vida flua em vida e mais vida sempre pra você e pro pequeno, rebrilhando na força e na coragem de vocês.

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  8. Deborah Sá

    Que relato mais lindo! Te admiro tanto Natacha! Você é forte, ótima, linda, uma leoa 😉

    Dê um beijinho na testa do Theo, por mim, sim?

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  9. Luana

    Seu relato me trouxe algumas lágrimas. MARAVILHOSO!!!

    Também tive depressão durante a gravidez, também me senti fraca e, em alguns momentos, louca até. E meu parto – natural e lindão como o seu – foi a maior libertação que eu poderia ter! Não preciso mais provar pra ninguém, nem pra mim mesma, que eu sou forte e poderosa… eu simplesmente sou!

    E a maternidade, ah, ela é uma delícia! Existem sim os momentos difíceis – decisões, abdicações, cuidados sem fim -, mas eles são tão esquecíveis, tão pequenos perto das coisas boas que nossas crias nos proporcionam!
    Aprendi, com as poucas e lindas companhias que tive durante a gravidez, a confiar em mim mesma, no meu corpo e nas minhas vontades profundas. Foi um exercício durante a gestação que deu frutos que ficaram pra vida!

    PARABÉNS!!! Espero que essa libertação perdure a sua vida inteira!
    E, céls, JÁ NASCEU LINDÍSSIMO ESSE BEBÊ! =O

    PS: muito bom ter amigas feministas que compartilham em suas redes sociais textos lindos como esse, fez minha noite! =]

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  10. Roberta Mezalira Venturoso

    Estou muito emocionada! Recebi seu e-mail a pouco e deixei tudo o que estava fazendo para ler como foi seu parto. Muito linda sua declaração, me emocionei mesmo, muito. Estava pensando em você esses dias e não sei dizer ao certo que dia foi, agora estou achando até que foi no dia do parto… rs, você nem sabe como eu torci por você. Felicidadessss!!!!

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  11. Noélly

    Uau!!! Estou admirada com a grandeza e ao mesmo tempo simplicidade do seu gesto Nat. Um relato emocionante, engraçado e forte que resumi a honra e responsabilidade de ser mãe. Vidas abençoadas para ambos, torço imensamente por você e Théo…esse pequeno grande milagre. Felicidades!!! Bjokaz^^ Noélly

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  12. Ana Paula

    Mesma coisa: acabei de receber seu email e parei tudo para ler. Agora estou aqui, chorando e comemorando. Orgulhosa por ter feito parte do seu parto (da vaquinha, hehe). Du caralho, você!!! Ops, desculpe, tem criança por perto. 🙂
    Vida linda pra você e os seus.

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  13. Carla Campos

    ai que relato mais lindo, você realmente viveu o parto e se conectou com o seu corpo. Muito empoderador e bonito ao mesmo tempo. Confesso que não tinha uma grande vontade de ser mãe, mas depois desse relato fiquei bem balançada. Enfim, tudo de bom pra você e para esse menininho lindo que acaba de nascer! Que a vida tenha guardado muitas surpresas boas para vocês dois. 😀

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  14. I. S. Barbosa

    Natasha, parabéns!!
    Como as outras meninas, parei tudo quando vi o e-mail dizendo que o Theo tinha chegado!! Seu relato foi muito emocionante, vibrei de emoção e agradeci ao universo pela oportunidade de ter, de alguma forma, contribuído com esse momento que foi lindo e mágico. As fotos ficaram lindas!! Não tenho mais palavras para dizer a emoção que estou sentindo com a sua felicidade…
    Paz e Luz!

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  15. Daniela

    Parabéns, Natacha! Vc é uma mulher muito forte! que vc e o Theo sejam muito felizes. Seu relato é emocionante, lindo e encorajador! bjs

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  16. Bruna Manuelle

    Que lindo Nat!!

    A algum tempo atrás conheci seu blog e sua história, formatei o pc e perdi seu endereço. Daí hoje entro no Feminista Cansada e acho o link desse relato!

    Estou extremamente emocionada e feliz por você e pelo Théo, sinto como se eu conhecesse vocês, como se fosse sua irmã! E de certa forma somos mesmo, irmãs de causa.

    Desejo toda felicidade, luz e toda sorte de bençãos para a vida e o futuro de vocês!

    Estou orgulhosa de você Nat! Ele é linnnndoo!!

    Bgos ❤

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  17. Nice

    Que lindo! Parabéns! Você pariu um dia antes de mim e com 1 dia a mais de idade gestacional!!!! No meu primeiro parto não tive a capacidade, como vc teve, de me desligar do racional e meu expulsivo foi extremamente longo. No meu segundo PD, tendo amadurecido, me transformado, foi o parto mais rápido e incrível, nada do que tinha imaginado!

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  18. Maíra

    Natacha, o teu relato de parto foi provavelmente o mais emocionante que já li. Voce é muito valente! Admiro muito teu caminho de empoderamento e luta.
    Nao sei mais o que dizer. Me sinto emocionada.

    Um abraco apertado para voce!

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  19. camila pacheco

    Você tem o dom de tocar com as palavras, sinto como se tivesse estado com você no parto. Senti que pari contigo, porém minha vulnerabilidade, aquilo que aguardo no intrínseco do inconsciente. Obrigada pela experiência.

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